António Paiva de Andrada trabalha a cortiça como um escultor faz com a pedra ou o tronco de madeira. O bloco de aglomerado chega-lhe às mãos e trabalha-o com ferramentas básicas, resultando em objetos elegantes, deputados, com carácter decorativo, mas quase sempre também função utilitária. As peças por si desenhadas e executadas podem ser vistas e compradas no centro histórico de Évora, na Rua Romão Ramalho, na My Cork Design. Aqui, Luísa, a mulher, dá as boas-vindas a pessoas de todas as nacionalidades e com a simpatia dos alentejanos explica o que a curiosidade vai perguntando.
Ambos reformados, Luísa era enfermeira e António inspetor de vendas da Tabaqueira, encontraram na aposentadoria novas vidas. Estar em casa era uma “chatice”. Aos 57 anos, António inscreveu-se no curso de design na Universidade de Évora e em três anos concluiu a licenciatura. Na cortiça, matéria-prima ex-libris da região alentejana, encontrou terreno fértil para a sua criação. Agora desenha os objetos, esculpe-os e a mulher vende-os na loja de Évora.
Fala com paixão da cortiça e suas utilizações, 70% usada em rolhas para vinho. Do granulado que fica do desperdício, faz-se o aglomerado em Fábricas da região, como a da Azaruja. A partir desses blocos uniformes, António deixa a sua marca e valoriza uma matéria tradicional, dando-lhe uma utilização contemporânea que pode estar em casas ou ambientes em qualquer parte do mundo. Do montado alentejano, com design e execução portuguesa.
