Oficina Museu de Capelas

Manuel João Melo

Açores

Ao tocar à porta, o inesperado. A Oficina-Museu de Artes e Ofícios desdobra-se num emaranhado de recantos orgânicos como se das ruelas de uma cidade se tratasse. Montra viva das atividades manufatureiras e comerciais de São Miguel, oficina do ferreiro, farmácia, casa de discos, olaria, carpintaria, sala do tear… dezenas de espaços reais resgatados ao desmantelamento com letreiros originais e memórias conservadas. Diferente de todos os museus que visitou na Europa e nas Américas, este é o projeto de vida de Manuel João Melo, professor, nascido em Ponta Delgada. Nas Capelas, recebe de braços abertos e proporciona um local para trabalhar a quem quer ser artesão. Do Octant PONTA DELGADA à Oficina-Museu é um saltinho, em distância, mas uma longa e inspiradora viagem aos Açores de outros tempos e ao espírito de preservação e partilha da memória de um povo.

Manuel João Melo nasceu em Ponta Delgada em 1939. Foi professor ligado às ciências e à matemática. Ao longo da vida, colecionou tudo o que se possa imaginar. Junto à sua casa de Capelas, organicamente criou um espaço único na ilha – a oficina museu. Visitou museus na Europa e nos Estados Unidos e, literalmente no quintal abriu salas, compartimentos, corredores que sepenteando vão abrindo o olhar a dezenas de recriações das atividades comerciais e manufactureiras características da Ilha. Ali se encontra a oficina do ferreiro, a farmácia, a casa de discos, a olaria, a retrosaria, a carpintaria. Reais e resgatadas ao desmantelamento, como se ainda se mantivessem em atividade. Uma verdadeira cidade, com letreiros originais e memórias conservadas. Nalguns desses recantos, trabalham artesãos. Na olaria, na tecelagem e na carpintaria, por exemplo, produzem-se peças por encomenda e para venda na loja.

O conceito é original e vivo. Ao tocar à porta, o inesperado. A exposição desdobra-se num emaranhado de recantos como se das ruelas de uma cidade se tratasse. Um lugar das memórias de profissões e lugares comerciais coincidente no espaço e no tempo com artífices que mantém a sua produção, ali. Montra viva do artesanato da Ilha, em escama de peixe, casca de cebola e alho, miolo de figueira. Mas não só. Registos e lapinhas, presépios, molduras. Uma aula viva da evolução das profissões.

Sem apoios oficiais, Manuel João mantém aberta a porta ao público e proporciona um local a quem quer continuar a ser artesão. Uma oficina museu inesperada na freguesia de Capelas que merece ser visitada e celebrada.

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