Quando uma criança nasce no Alentejo já tem uma cadeira tradicional à espera. As cadeiras alentejanas são pintadas de amarelo, azul ou encarnado e decoradas com flores. São conhecidas pelas ancestrais funções: costureira, sapateiro e de cozinha. Joaquim Boavida faz cadeiras desde miúdo. Aprendeu vendo. Aos 19 anos casou com Cristina e desde então formam uma equipa. Assim que o Joaquim dá por terminada a montagem da cadeira passa-a à mulher. Em pé, e sempre a ouvir música, Cristina pinta-a, com traço firme, sem hesitação. Muitas décadas a fazer flores fazem parecer fácil aquilo que tem tanta arte e engenho. Ao Octant ÉVORA, as cadeiras tradicionais trazem o conforto para que foram desenhadas quando nos sentamos, mas trazem também as cores e os desenhos que nos dizem onde estamos.
Filho de um hortelão do Redondo, começou a ir para a carpintaria nas férias escolares. Primeiro a varrer a oficina da serradura a aparas de madeira. Aprendeu a fazer esta peça de mobiliário, vendo.
Além da madeira de pinho de que é feita a estrutura da cadeira, outro material tradicional é usado para o assento. Uma palha chamada buinho apanhado no mês de maio dentro do leito dos rios. Antes da barragem do Alqueva, Joaquim conseguia recolher o buinho no Guadiana com maior facilidade. Com o enchimento do lago, o buinho tem desaparecido e agora é apanhado mais a montante, nas imediações de Fronteira. Em Espanha é proibida a apanha. O buinho é cortado dentro de água numa tarefa perigosa e depois de seco é manejado com mestria, entrelaçado pelas mãos de Joaquim, formando um assento tão bonito quanto confortável. E resistente.
Em casa dos alentejanos de gema ou em novos espaços comerciais da moda, as cadeiras e o mobiliário tradicional são uma marca identitária do saber fazer e da capacidade criativa da gente desta região do país.